Contatos

terça-feira, 28 de julho de 2009

Do fundo do baú!

Essa reportagem foi feita por mim, no segundo semestre de 2006. Pensei que a tinha perdido, já que meu computador quebrou, e ela estava nos meus documentos (risos). Mas, para minha alegria ela estava em um blog da turma de Oficina de Texto III, ministrada pela professora Agnes Mariano.
Passei dois meses indo ao Curuzú - coração do bairro da Liberdade - uma vez por semana e conheci pessoas, lugares, aromas e gostos diferentes. Foi uma experiência maravilhosa!

Turismo cultural e étnico no coração da Liberdade

Um novo tipo de turismo está sendo desenvolvido em Salvador, mais precisamente no bairro da Liberdade. Esse segmento turístico conhecido como “turismo cultural” é destinado aos visitantes interessados em conhecer – além dos famosos pontos turísticos da cidade – o Patrimônio Histórico, os costumes, as tradições, as manifestações artísticas e a gastronomia. Enfim, experimentar e vivenciar a identidade cultural do povo que habita a cidade que está visitando. Tudo isso é possível no Curuzú – Corredor Cultural da Liberdade. A Bahia recebeu influência cultural de diversos povos desde a chegada dos portugueses no Brasil, em 1500. Onde se destacam a cultura do povo europeu, que colonizou todo o país; do povo indígena, que já habitava essas terras e do povo africano, que foi trazido pelos portugueses para ser escravizado aqui no Brasil. Logo, nossa diversidade cultural é imensa, conseguimos adquirir um pouco da cultura de cada povo, mas a africana é predominante. “É isso que o torna singular. A história e cultura são inerentes e peculiares a cada povo, em especial ao baiano. O baiano, sua cultura e sua história são as grandes atrações da Bahia. Belezas naturais encontramos até mais belas que as nossas em outras localidades. É a nossa cultura que nos torna peculiar”, afirma a turismóloga Laíse Razera, 22 anos.

Situado na cidade alta de Salvador, a Liberdade é um dos poucos bairros que tem a capacidade de expressar a diversidade da cultura afro-descendente existente da cidade. São 277 mil habitantes distribuídos em 190 hectares, que abrange as localidades da Soledade, Lapinha, Sieiro, Duque de Caxias, Curuzú, Japão, Cravinas, Bairro Guarani, Alegria, Jardim São Cristóvão, São Lourenço e parte da Baixa do Fiscal e do Largo do Tanque. É lá que encontramos a maior concentração de afro-descendentes do Brasil; as sedes de instituições sócio-carnavalescas do Ilê Aiyê, e Blocão da Liberdade; diversos terreiros de candomblé; artistas; muito misticismo e uma enorme produção cultural étnica. O bairro recebe milhares de turistas do Brasil e do mundo para conhecer a ladeira do Curuzú, principal palco das atividades culturais da Liberdade. Ao longo dos seus 1.100 metros de ladeira, o Curuzú concentra as diversas manifestações, atividades e movimentos culturais étnicos produzidos no bairro. Mas esse “turismo” acontece de uma forma desorganizada, sem estrutura, segurança ou guiamento adequado.
Foi nesse contexto, que a própria comunidade pensou na possibilidade de estruturar, organizar e capacitar esse pólo turístico de cultura étnica que surgia naturalmente naquela localidade. Depois de muitas reuniões com representantes de diversos seguimentos da comunidade, foi decidido que essa diversidade cultural, que tanto despertava a curiosidade e interesse nos baianos e turistas, deveria ser utilizada para gerar emprego, renda e o desenvolvimento do bairro. “A pessoa já visitava o Curuzú naturalmente no cotidiano e principalmente na saída do Ilê Aiyê, no carnaval. Mas, de uma forma desorganizada. Então, resolvemos organizar e trabalhar isso com profissionalismo”, afirma o gestor do projeto Paulo Cambuí.

Com essa proposta inovadora de turismo cultural étnico, ainda inédita aqui em Salvador, o projeto pretende apresentar e disseminar o único território nacional da cultura negra afro-descendente no Brasil – segundo o Ministério da Cultura, pela Fundação Palmares – com seus hábitos, valores, histórias, artes, misticismo, seu povo singular, enfim, suas características únicas. E ao mesmo tempo preservar o patrimônio material e imaterial, gerar emprego, renda, auto-sustentabilidade e aumentar a auto-estima de sua população. Nasceu assim o projeto Curuzú – Corredor Cultural da Liberdade.Parceiros e atrativos turísticosCom a iniciativa do Instituto Sócio-Cultural e Carnavalesco Ibasòaré Iyá, em parceria com o SEBRAE (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e com a SEMUR (Secretaria Municipal da Reparação), o projeto Curuzú – Corredor Cultural da Liberdade começou a se tornar uma realidade. Um corredor cultural é a junção de diversas atrações culturais de um povo como a língua, a música, a dança, a estética, a gastronomia e a religião em um único local. Proporcionando ao visitante uma comodidade maior para conhecer a cultura e as raízes de um determinado local.

Porém, em especial, na Liberdade não foi necessário o deslocamento das atrações para a montagem de stands ou a construção de um local adequado. O Corredor Cultural da Liberdade é a própria ladeira do Curuzú e seus atrativos já se encontravam lá, desde sempre. O que ainda não tinha sido feito era a organização, capacitação e potencialização desses atrativos para serem visitados turisticamente. Lançado em novembro de 2005, o Corredor Cultural está movimentando todo o Curuzú.

O Instituto Ibasòaré Iyá é a base operacional, onde tudo é organizado e produzido. O SEBRAE atuou na capacitação dos empreendedores com os cursos: Formação de Preço, Manipulação de Alimentos, Como Gerir Pequenos Negócios, Idiomas, Educação Patrimonial, entre outros. E a SEMUR apóia financeiramente, além de promover articulações com o setor público, privado e do ONGs para futuras parcerias e patrocínios, relatou a Coordenadora de Promoção Empresarial da SEMUR Lucy Purificação, 46 anos.

Mas não é por estar situada na ladeira do Curuzú que uma loja, artista ou serviço será um atrativo turístico do Corredor Cultural da Liberdade. É preciso muito mais que isso. A atração turística, como é chamada, deve seguir alguns critérios estipulados pelo grupo gestor do projeto: “Possuir identidade cultural com a temática afro-descendente; ter condições básicas de auto-sustentabilidade para um início de funcionamento, potencial para crescer; capacidade de atendimento ao público dentro dos padrões básicos e éticos de funcionamento”, pontuou Cambuí. Foi seguindo esse padrão que a equipe da EWG Projeto, Pesquisa e Qualificação, coordenada pela Diretora do Centro de Estudos de Pós-graduação da Faculdade Olga Metting, Eny Kleyde Vasconcelos Farias, revelou o potencial de cada atração, interpretou o que cada atração significava dentro da cultura afro-descendente e deixou cada atração disponível para ser exposta no Corredor Cultural da Liberdade.

A grande particularidade desse corredor é a preparação de cada atração para receber os turistas e visitantes. Algumas atrações só funcionam quando acontece à visitação ao Corredor Cultural. O primeiro passo é agendar uma data com o grupo gestor, em seguida, é necessário fechar um grupo com no mínimo 20 pessoas – ou a visitação sairá muito cara – e no máximo 100 pessoas, pois o Corredor não tem capacidade física nem técnica de atender mais de 100 pessoas sem perder a qualidade no atendimento. O segundo passo é a articulação dos gestores em contatar a Prefeitura de Salvador e solicitar que a limpeza urbana e a segurança sejam mais criteriosas, solicitar para a Superintendência de Engenharia de Tráfego (SET) a interdição da ladeira do Curuzú, entrar em contato com os representantes de cada atração, cada participante dos capoeiristas aos dançarinos e guias, para enfim, ocorrer a transformação de cada cantinho do Curuzú, que receberá e encantará, de forma única, os turistas e visitantes.

O Corredor e suas atrações
Existem duas formas de se chegar ao Curuzú. Uma é pela Estrada da Liberdade, antiga Avenida Lima e Silva. E a outra é pela Avenida San Martin. O percurso escolhido para ser o início do Corredor Cultural foi o caminho da Avenida San Martin. Ou seja, o visitante terá que subir a ladeira do Curuzú. A rua é larga, apenas, o suficiente para ter duas faixas de carros. Os passeios destinados aos pedestres são minúsculos e em alguns trechos foram tomados por bares e estabelecimentos, por isso, a interdição da ladeira é imprescindível para o acontecimento do Corredor Cultural. Andando uns 100m é possível ver uma ponte que passa por cima de um canal do esgoto a céu aberto. Onde já é possível avistar a parte mais íngreme da ladeira que no primeiro momento, dá ao visitante, uma sensação de indisposição, mas, que logo é vencida pela curiosidade de conhecer e aprender um pouco mais sobre a cultura afro-descendente de uma forma totalmente diferente, no seu habitat natural.

É no início da ladeira que as atrações começam a ser desvendadas. Atualmente existem 38 atrações, no Corredor Cultural, entre elas estão a sede do Ilê Ayiê: Senzala do Barro Preto, o Terreiro Vodum Zo e o Salão de Beleza Gerusa das Tranças.

O Ilê Aiyê
A Senzala do Barro Preto, sede da Associação Cultural Bloco Carnavalesco Ilê Aiyê, é uma das atrações que funcionam independentemente do Corredor Cultural acontecer. O Ilê Aiyê se tornou conhecido por todo o mundo e, consequentemente, trouxe visibilidade para o Curuzú ao defender sua bandeira de preservação e expansão da cultura afro-descendente. São 32 anos de história, muitas batalhas, reconhecimento mundial como o maior bloco afro de carnaval do Brasil e a preocupação com a responsabilidade social. Ao contrário do que muitos pensam, o Ilê não é apenas um bloco de carnaval. Sua principal atividade é levar e desenvolver a educação, a cultura afro-descendente para o maior número de pessoas da comunidade da Liberdade e lutar contra o racismo e suas variadas formas de discriminação.

O Ilê, por já ser conhecido em todo o mundo, é sem dúvidas, o grande cartão de visitas do Corredor Cultural. “Pretendemos utilizar esse nosso reconhecimento mundial para dar visibilidade ás outras 37 atrações existentes no Corredor cultural”, pontuou o Diretor de Projetos Educacionais e Captador de Recursos Edmilson Neves, 46 anos. Os visitantes conhecem toda a sede do Ilê, seus projetos: a Escola Mãe Hilda, a Band’Erê, o PET (Projeto de Extensão Pedagógico), os cursos profissionalizantes, assistem a palestras e shows de dança e percussão feitos por membros da instituição.

Terreiro Vodum Zo
Um muro com um pouco mais de 1m de altura e 11m de largura, coberto por arbustos esconde um dos maiores imóveis do bairro, com 2.408 m2. Nele um portão simples, de ferro com forma de retângulos vazados e pintados com uma tinta branca rala, que mal esconde a ferrugem do tempo, é a entrada do Vodum Zo. Do lado de fora é possível ver parte do lado de dentro do imóvel e presa ao portão por um arame enroscado, existe uma panela desgastada e cheia de carvão para espantar os maus fluidos e olhados. O portão está sempre aberto. Ao empurrá-lo, encontra-se um lance de escadas. Virando a direita, as escadas levam a um jardim com banquinhos de cimento e uma fonte com a escultura de uma sereia dourada de olhos azuis a se observar por um espelho. Ela representa Oxum a deusa das águas doce para os seguidores do candomblé. Voltando para o lance de escadas principal encontramos uma casa branca com janelas e portas de madeira. Na porta de entrada encontramos duas esculturas de negros africanos pintadas de dourado, saindo das paredes. Passando por esta porta encontramos uma enorme sala com oito bancos compridos de madeira desarrumados e doze cadeiras arrumadas uma ao lado da outra. Na porta que dá acesso ao corredor do resto do casarão existem uma escultura com duas serpentes douradas que vão do chão ao teto e duas estatuas de galos uma em cada ponta da porta do corredor. E no quintal, uma enorme área de terra batida e muitas árvores e plantas, onde crianças brincam tranquilamente.
Esse é o cenário do terreiro de Candomblé Vodum Zo. Com cerca de 200 anos, é o mais antigo e famoso do Curuzú, conhecido nacional e internacionalmente. Um terreiro de Candomblé não é apenas um espaço religioso aonde as pessoas vão em busca de fé, e sim um local que serve de apoio á comunidade, exercendo também um grande papel social. “Ajudamos as crianças carentes, as pessoas que precisam de ajuda, ajudamos a todos”, afirmou o atual babalorixá do terreiro Pai Amilton, 60 anos. Os visitantes do Corredor percorrem boa parte dos 2.408 m2. “É muito interessante o pessoal chegar aqui no Curuzú, onde tem um amontoado de casas e de gente e saber que tem uma área verde dessa aqui. Com mangueiras, jaqueiras, bananeiras…”, declarou Pai Amilton. As filmagens e fotografias serão permitidas, com exceção de alguns lugares, considerados sagrados para os seguidores da religião.

Pai Amilton coordena um grupo de capoeira – que também é uma das atrações do Corredor Cultural – para crianças e adolescentes da comunidade á 22 anos. O terreiro não tem nenhuma ajuda financeira e se mantém de doações e da venda de artesanatos ligados aos símbolos dos Orixás de sua loja no Pelourinho. Atualmente existem no projeto 60 crianças e adolescentes que aprendem capoeira, a tocar berimbau e ética social. “Além da capoeira, aprendemos como funciona o nosso corpo, qual o certo, qual o errado, a não brigar na rua. Agente ás vezes ouve mais Doté do que a mãe da gente. Aprende a respeitar o pai e a mãe, incentiva agente a ir pra escola, tira agente da rua e outras coisas”, conclui Alisson Antunes, estudante que participa do projeto, 16 anos.

Geruza das Tranças
O salão é muito peculiar, na verdade, como tudo no Curuzú. Em sua entrada encontramos um aparador de portas em formato de coelho, cadeiras plásticas destinadas aos clientes que preferem esperar ao ar livre e sempre, em uma das cadeiras, um urso de pelúcia – o Taz – dos desenhos animados Looney Tunes com o topete transformado em rastafari com tererês. A fachada é toda amarela e vermelha. Todos os serviços são feitos em um único ambiente, suas paredes são brancas com detalhes em amarelo, muitas fotografias de Gerusa com artistas como Margareth Menezes e Daniela Mercury, lindas negras com penteados e turbantes afros e um quadro de Oxum, deusa das águas doce. Muitas revistas sobre a beleza negra e uma prateleira com sapos de todas as formas e tamanhos também é encontrado neste ambiente. As três funcionárias do salão vestem uma farda vermelha do mesmo tom dos detalhes do secador e tecido que foram as cadeiras do ambiente.

O Salão de Beleza Geruza das Tranças é o mais conhecido e procurado do Curuzú. O salão é especializado no tratamento da beleza afro-descendente com serviços que variam de penteados afros á mega hair, passando por manutenção de dred´s e as famosas tranças jamaicanas. “Fazemos todos os tipos de trançados, dred´s, maquiagem… O que você imaginar, nós fazemos”, afirmou a dona do salão Gerusa Menezes, 35 anos. São três anos de existência, três funcionárias e centenas de clientes dentro e fora da comunidade.

Os visitantes conhecem um pouco sobre o visual dos afro-descendentes e poderão fazer tranças, penteados afros e colocar tererês em seus cabelos. “Espero que o Corredor Cultural desenvolva e traga empregos para as pessoas da comunidade”, comentou Geruza.

E a visita ao Corredor Cultural segue subindo a ladeira do Curuzú, passando por diversas barracas de artesanato, bares, quitureiras, apresentações de capoeira, dança e muito mais. Depois dessa mostra de apenas três, das 38 atrações que compõem o Corredor Cultural é natural perguntar: como posso subir a ladeira do Curuzú e conhecer o Corredor Cultural? É só ligar para o telefone: 71 3241-1862 e saber maiores informações sobre as datas disponíveis para a visitação ao Corredor Cultural.

ATRAÇÕES DO CORREDOR CULTURAL DA LIBERDADE
Totem: desenhos pintados nos postes e paredes no percurso do Corredor.
São marcos simbólicos do espaço cultural do Curuzú.
Corrimão da Ladeira do Curuzú: é um marco simbólico e utilitário do espaço cultural do Curuzú.
Cajado (inspirado no cajado de Oxalá): marco da capacidade temporal do ritual do Corredor.
Terreiro do Ilê Jitulu: conversa com Mãe Hilda Jitulu, matriarca da família Ilê Aiê.
Dete Lima – Artes em Tecido: roupas com bordados sobre panos representando os orixás.
Wa-jeum de Mainha: restaurante inspirado numa senzala, prato principal: maniçoba.
Wa-jeum de Iaiá: uma lanchonete com quitutes afro-brasileiros: cuscuz, mingaus, arroz doce, etc.
Fionga – Curuzú Meu Lar: artes plásticas, pinturas em tela, vestidos de noiva feito de fuxico e curso de fuxico.
Geruza das Tranças: um salão de beleza voltado para a etnia afro-brasileira.
Medida do Curuzú: artesanato sagrado em colares e miçangas.
Patuá do Curuzú: artesanato sagrado.
Cheiro do Curuzú: perfume artesanal feito com folhas sagradas (e não revelas) para ambientes.
Loja de artefatos dos Deuses Orixás: artesanato sagrado.Pulseiras de sementes: artesanato sagrado.
Terreiro Vodun Zo: Terreiro centenário guiado pelo babalorixá Amilton de Xangô.
Bira calçados – Curuzú Peguei Amizade: confecção de calçados em estilos afros, denominados xangrins.
Dete Rezadeira – Curuzú Minha Raiz: ritual sagrado, pulseiras benzidas e banhos preparados.
Grupo de Dança do Ritual do Curuzú: manifestações artísticas.Grupo de Percussão: manifestações culturais com sons das raízes africanos.
Grupo de Birmbalada: orquestras de berinbaus.
Curuzú Rodo Viro e Volto: roupas e bijuterias com identidade afro.
Curuzú Honra seus Valores Ancestrais: oficina de barimbaus.
Trilha Valdemar da Bomba da Liberdade: trilha interpretativa.
Samba de Viola: manifestação cultural.Curuzú Cantinho da Amizade: lanchonete onde os moradores de outros estados que foram moram no Curuzú se reúnem.
Piu e Lola: artesanato de colares com simbologia dos orixás.
Curuzúi Cartão Postal da Minha Casa: customização de roupas com a identidade afro.
Ibeje: Gêmeas do Curuzú: confecção de bolsas artesanais e trançados de cabelo.
Bichinho do Curuzú: artesanato em miçangas.
Mad Art: mobiliário em madeira.
Dialundeci Artesanato: artesanato, tapetes de retalho.
Curuzú Forte Amizade: alimentos e bebidas e nos finais de semana feijoada.
Trilha da Fronteita Ibasaré Yiá: trilha interpretativa.
Santo Antônio do Curuzú: manifestação do Curuzú.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Lungaretti: a gripe suína e a epidemia do mau jornalismo

Depois de muitas notícias bombastícas na mídia sobre a gripe suína veja o que Celso Lungaretti, jornalista e escritor, falou sobre a imprensa e suas notícias sobre o H1N1:

Vermelho - 27/07/2009
Lungaretti: a gripe suína e a epidemia do mau jornalismo

Uma epidemia muito pior que a gripe suína está grassando: a do alarmismo jornalístico. A nova modalidade de influenza é uma moléstia que ainda não atingiu contingentes mais significativos da população brasileira, além de bem pouco letal.


Por Celso Lungaretti, no blog Náufrago da Utopia

Mas, trombeteando dia após dia a mórbida contagem de cadáveres, o noticiário causa, em leitores pouco afeitos a estatísticas, a impressão de que estejam diante de uma terrível ameaça. Longe disto. Em comparação com as grandes pestes do passado, a gripe suína é refresco.
Vale lembrar, p. ex., que a gripe espanhola matou quase 2% da população brasileira, no final da década de 1920: aproximadamente 300 mil pessoas. Pior ainda é se compararmos os dados da gripe suína com outras causas de mortandade. Aí o que fica evidenciado é a má fé da imprensa.
Vejam o caso da cidade de São Paulo: o número de óbitos ainda não chega a oito. Pois bem, em maio eu alertei que a concentração criminosamente elevada de enxofre no diesel mata, somente em São Paulo, capital, 3 mil pessoas ao ano — ou seja, oito por dia! Mas, como há interesses econômicos de grande monta envolvidos, o assunto é praticamente banido do noticiário.
Já o terrorismo midiático em torno da gripe suína tem sinal verde porque não afetou negócios importantes, pelo menos até agora. Só fez diminuir um pouco o turismo. Vamos ver se a imprensa manterá o mesmo comportamento leviano caso o público venha a desertar consideravelmente das salas de espetáculos, comprometendo as receitas dos cadernos de variedades.
De resto, tenho a satisfação de louvar, mais uma vez, o corajoso trabalho do ombudsman da Folha de S.Paulo, Carlos Eduardo Lins da Silva, que ousou neste domingo (26) qualificar o estardalhaço promovido por seu jornal em torno da gripe suína como irresponsável.
Seu comentário é uma verdadeira aula de ética jornalística. Vale a pena reproduzir os principais trechos:
"A reportagem e principalmente a chamada de capa sobre a gripe A (H1N1) no domingo passado constituem um dos mais graves erros jornalísticos cometidos por este jornal desde que assumi o cargo, em abril de 2008.
"O título da chamada, na parte superior da página, dizia: 'Gripe suína deve atingir ao menos 35 milhões no país em 2 meses'. A afirmação é taxativa e o número, impressionante.
"Nas vésperas, os hospitais estavam sobrecarregados, com esperas de oito horas para atendimento.
"Mesmo os menos paranoicos devem ter achado que suas chances de contrair a enfermidade são enormes. Quem estivesse febril e com tosse ao abrir o jornal pode ter procurado assistência médica.
"O texto da chamada dizia que um modelo matemático do Ministério da Saúde 'estima que de 35 milhões a 67 milhões de brasileiros podem (...) ser afetados pela gripe suína em oito semanas (...). O número de hospitalizações iria de 205 mil a 4,4 milhões'.
"É quase impossível ler isso e não se alarmar. Está mais do que implícito que o modelo matemático citado decorre de estudos feitos a partir dos casos já constatados de gripe A (H1N1) no Brasil.
"Mas não. Quem foi à página C5 (...) descobriu que o tal modelo matemático, publicado em abril de 2006, foi baseado em dados de pandemias anteriores e visavam formular cenários para a gripe aviária (H5N1).
"O pior é que a Redação não admite o erro. Em resposta à carta do Ministério da Saúde, que tentava restabelecer os fatos, respondeu com firulas formalistas como se o missivista e os leitores não soubessem ver o óbvio. Em resposta ao ombudsman, disse que considera a chamada e a reportagem 'adequadas' e que 'informar a genealogia do estudo na chamada teria sido interessante, mas não era absolutamente essencial'."


segunda-feira, 6 de julho de 2009

Assembléia Geral – Ato Político contra a decisão do STF!


O Supremo Tribunal Federal (STF) acabou com a obrigatoriedade do diploma universitário para o exercício da profissão de Jornalista, no dia 17/06/2009. Os ministros Gilmar Mendes (relator), Carmem Lúcia, Ricardo Lewandowski, Eros Grau, Carlos Ayres Britto, Cezar Peluso, Ellen Gracie e Celso de Mello, votoram contra a obrigatoriedade do diploma. Apenas o ministro Marco Aurélio, defendeu a necessidade do curso superior.
Apesar de todas as dificuldades, precisamos nos organizar e continuar lutando!!!

Jornalistas, estudantes e professores de Jornalismo e a sociedade cível estão convocados à participar HOJE, às 18:30, da Assembléia Geral – Ato Político contra a decisão do STF!!!

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Voltei!!!


Depois de mais de um mês sem postar absolutamente nada, volto ao meu querido blog com muitas novidades. Aconteceram tantas coisas nesse tempo que passei “fora” do ciberespaço que eu precisaria de uns 15 dias livres para discorrer sobre tudo... Risos!
Muitas coisas boas e poucas coisas ruins aconteceram, graças a Deus!!!

Minha vida deu uma volta de 180º de uma hora para outra. E a principal causa disso ter acontecido foi o meu novo "trabalho". Estou estagiando á noite, das 22h até o horário que fechar a edição do clipping (é uma expressão idiomática da língua inglesa, uma "gíria", que define o processo de selecionar notícias em jornais, revistas, sites e outros meios de comunicação, é realizado por assessores de imprensa para identificar as referências a determinado cliente ou tema de interesse).

E consequentemente, mudando o horário de trabalho, todos os outros horários mudam também! Na verdade, não tenho mais horário para dormir, comer, estudar, assistir TV, ler um bom livro, usar a internet, atualizar este blog, etc, etc. Vida social? Quase impossível mantê-la! E acredite, o estágio funciona em regime de escala (trabalho quatro dias e folgo dois).

Agora eu durmo enquanto todos trabalham e trabalho enquanto todos dormem! Então amigos, não se assustem se me ligarem as 13h e eu estiver com voz de sono e tomando café da manhã ou fiquem zangados comigo se eu começar a faltar ás reuniões, aniversários, encontros, etc. E se eu ligar para vocês as 02h querendo comer uma acarajé e beber uma cerveja. Ainda estou em fase de adaptação com os horários novos e com um sono constante, mas o trabalho é bom, dinâmico e a equipe é ótima!

Reencontrei uma pessoa maravilhosa, que foi colocada em meu caminho, apesar das diferenças e semelhanças (risos) – que não são poucas – para encher meus dias de alegria, carinho, felicidade... Mas isso é assunto para outro post!

Vou tentar postar, ao menos, duas vezes por semana!